A escala maior é super conhecida por todo mundo como aquela composta de "notas brancas". As notas são dó, ré, mi, fá, sol, lá e si. São sete notas mas nós possuímos apenas cinco dedos. Alguns dedos terão que repetir. A lógica é bem simples: na mão direita, toque polegar no dó, indicador no ré, médio no mi; passe o polegar por baixo do dedo médio e toque a nota fá, continue com indicador no sol, médio no lá, anelar no si e termine com o mínimo no dó ou passe novamente o polegar por baixo do anelar e toque o dó, reiniciando o ciclo e tocando mais uma oitava.

Considerando polegar como dedo 1, indicador como 2, médio como 3, anelar como 4 e mínimo como 5, o dedilhado usado foi:

1 2 3 1 2 3 4.

Veja o padrão deste dedilhado. Ele alterna três dedos e quatro dedos. Você consegue tocar a escala maior partindo da primeira tecla do seu instrumento até a última, utilizando este dedilhado. Padrãozinho legal esse.

É muito comum eu receber alunos de nível intermediário (até profissionais) que sabem bem suas escalas, mas não todas. O piano possui sete teclas brancas e cinco teclas pretas. Ao todo, são doze teclas, ou doze notas. Cada nota pode gerar uma escala maior através da estrutura Tom, Tom, Semitom, Tom, Tom, Tom, Semitom. Gosto que neste ponto, fazer a seguinte pergunta: "quantas escalas maiores existem?" Os alunos respondem "doze", ao que replico "não, há apenas uma escala", ao que treplicam "mas são doze notas!"

Na verdade, há apenas uma escala maior, porque a estrutura é sempre a mesma (Tom Tom Semitom Tom Tom Tom Semitom). Se eu tocar uma escala maior qualquer, sem contar qual a tônica, você com certeza vai dizer 'Escala Maior'. É possível cantar dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó sobre qualquer 'escala maior' que você queira, mesmo que o tom seja Lá bemol, por exemplo. Isso é possível devido à configuração de tons e semitons citada acima. Logo, o que existe é uma escala maior em doze tons diferentes. É como comprar tinta em uma loja. Você vai lá querendo uma lata de tinta de cor 'branca' e eles perguntam: "branco gelo, branco neve, branco nuvem, branco casamento, branco pálido, branco túnica, branco calopsita, branco petúnia, branco leite, branco dente, branco goiaba, ou branco abominável homem das neves? ".

Na cultura musical aqui da minha região, pelo menos, o violão é o instrumento mais usado. Quase todas as igrejas têm violão, assim como qualquer banda de música ou roda de amigos. Alguns tons não são vistos com bons olhos pelos violonistas, como Fá maior, Si bemol maior, tons muito comuns na música estadunidense. Que diremos pois quanto ao Si maior, Dó# maior, do pobre coitado do Lá bemol maior? São verdadeiros vilões entre nossos irmãos violonistas, que tem que usar quase que exclusivamente as danadas das pestanas (quando o dedo médio cruza todo o braço do instrumento para pressionar todas as cordas) para abordar tais tons. Eu cresci no piano acreditando que estes tons eram extremamente difíceis de tocar, por causa dos violonistas das bandas que eu participei. Ao iniciar no estudo do Jazz, percebi que Fá e Si bemol eram tons muito usados, inclusive sendo os tons preferidos para tocar um Blues de doze compassos. Posso conjecturar que seja por causa dos instrumentos transpositores como o Trompete e o Sax tenor, que sempre estão um tom acima dos instrumentos não-transpositores, o que lhes dá agradáveis tons, como Dó e Sol. Com certeza, há outras razões culturais. Para nós, tecladistas, Si bemol apresenta apenas duas notas pretas, em contrapartida do Mi maior, que apresenta quatro notas pretas. 

Em resumo, concluí que o piano não oferecia dificuldade técnica em nenhum tom, sendo que a questão era mais intelectual ou de treino e prática do que dificuldade anatômica ou física: Não há dificuldade extra em tocar notas pretas em relação às brancas, por exemplo. Não tem 'pestana' no piano. 

Uma das habilidades mais cobiçadas em pianistas é sua capacidade de mudar de tom qualquer música que ele venha a tocar. E não é difícil, posso lhe garantir. Como tudo na vida, não há nada fácil demais. E também se fosse, não teria graça alguma. Para aqueles que têm menos preguiça que os outros, esta habilidade é adquirida com algum tempo em prática.

Para começar, aprenda a tocar a escala maior em todos os tons na mão direita. Pasme: O dedilhado para a escala maior é 123 1234 em qualquer tom. Mas há uma questão importante. Vamos dividir os tons em dois grupos. O primeiro grupo sempre terá o dedo 1 na tônica. O segundo grupo sempre terá o dedo 1 nas notas Dó e Fá. 

Veja:

Primeiro grupo: Dó, Sol, Ré, Mi, Lá e Si sempre usam o mesmo dedilhado, com dedo 1 (polegar) iniciando na nota da tônica (aquela que dá nome à escala. Do maior, tônica: Dó; Sol maior, tônica: Sol)

Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó. (1, 2, 3, 1, 2, 3, 4, 5 ou 1 para continuar)

Sol, Lá, Si, Dó, Ré, Mi, Fá#, Sol. (1, 2, 3, 1, 2, 3, 4, 5 ou 1 para continuar)

Ré, Mi, Fá#, Sol, Lá, Si, Dó#, Ré. (1, 2, 3, 1, 2, 3, 4, 5 ou 1 para continuar)

Lá, Si, Dó#, Ré, Mi, Fá#, Sol#, Lá. (1, 2, 3, 1, 2, 3, 4, 5 ou 1 para continuar)

Mi, Fá#, Sol#, Lá, Si, Dó#, Ré#, Mi. (1, 2, 3, 1, 2, 3, 4, 5 ou 1 para continuar)

Si, Dó#, Ré#, Mi, Fá#, Sol#, Lá#, Si. (1, 2, 3, 1, 2, 3, 4, 5 ou 1 para continuar)

Segundo grupo: A grande questão das escalas deste grupo é que elas não começam com o polegar na tônica (o dia que descobri isso, pirei).  Para os tons Fá, Si bemol, Mi bemol, Lá bemol, Ré bemol (ou Dó#) e Sol bemol (ou Fá#) toque sempre dedo polegar (1) no Dó e no Fá (ou Si, quando a escala não tem dó, e mi quando a escala não tem fá).  Veja os dedilhados abaixo. Perceba o padrão 1231234 sempre, mesmo que não começe com o 1.

Fá, Sol, Lá, Sib, Dó, Ré, Mi, Fá. (1, 2, 3, 4, 1, 2, 3, 1)

Sib, Dó, Ré, Mib, Fá, Sol, Lá, Sib. (4, 1, 2, 3, 1, 2, 3, 4) Pode começar com 2.

Mib, Fá, Sol, Láb, Sib, Dó, Ré, Mib. (3, 1, 2, 3, 4, 1, 2, 3)

Láb, Sib, Dó, Réb, Mib, Fá, Sol, Láb. (3, 4, 1, 2, 3, 1 ,2, 3)

Réb, Mib, Fá, Solb, Láb, Sib, Dó, Réb. (2, 3, 1, 2, 3, 4, 1, 2)

Solb, Láb, Sib, Dób (ou Si), Réb, Mib, Fá, Solb. (2, 3, 4, 1, 2, 3 ,1, 2)

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