Passagens harmônicas rápidas: Como improvisar usando escalas?

Sabe aquela passagem rápida, em que você tem que mudar a escala muito rapidamente? Difícil pensar em duas escalas ao mesmo tempo. No entanto, com treino, é possível.

Quero te mostrar uma forma alternativa, com um resultado interessante. A ideia é simples: Combinar as tríades fundamentais dos dois tons em uma única escala.

Dr. Ed Byrne, distinto professor de Jazz e improvisação, criador do método Linear Jazz Improvisation, compôs estudos entitulados 'Bichordal Triad Pitch Collection Etudes'. Traduzindo,' Estudos de Coleções de Alturas com Biacordes Triádicos. Título complicado?

A ideia é a seguinte. Combine duas tríades (C e C#) e você terá uma escala de seis notas (hexacorde). Ed compôs 24 estudos baseados em escalas montadas sempre usando duas tríades.

A tríade é o elemento musical harmônico mais sonoro de todos. Ela contém "sonoridade". Assim, como a baunilha, contém o sabor mais doce e básico, assim soa a tríade. Mas não queremos apenas o doce. Precisamos do amargo, do ácido, do azedo. Na música também precisamos da dissonância.

No exemplo, a música "Well, You Needn't" de Thelonious Monk apresenta na parte A, harmonia bitonal (dois tons) Fá e Fá#. Na improvisação, você teria que trocar de escala quando trocar de acorde.

Até aí, tudo bem: Basta saber tocar bem cada escala e fazer a mudança de uma para a outra. O duro, meu jovem, é que você tem por volta de UM SEGUNDO para fazer esta mudança.  

Uma solução inteligente então seria arpejar cada tríade sobre o tom, reduzindo o conjunto de notas a serem usadas (de sete, da escala, para três, da tríade). Facilita o pensamento, mas enfraquece a variedade e interesse melódicos.

O método é: combine as duas tríades, sobrepondo o F# sobre o F, obtendo esta escala: fá, fá#, lá, lá#, dó e dó#. O que tem de tão interessante?

Primeiro, ela soa parecida com outras escalas, mas não é nenhuma das tradicionais. Segundo, sobre cada tom diferente, você vai fazer soar notas diatônicas e cromáticas. Em fá, serão fá, lá e dó, tendo três cromáticas fá#, lá# e dó# para fazer aproximações; em fá#, o contrário.

Com este método, você tem a facilidade de tocar as tríades e sua sonoridade, com o "azedinho" da dissonância, resultando em interesse e variedade.

Fonte: Adaptado de BYRNE, 2009.